ANÁLISE TRANSACIONAL - Eric Berne

Autor - Erlei Moreira

 Módulo  01

 

 

ANÁLISE TRANSACIONAL

 

O conhecimento deste tema ANÁLISE TRANSACIONAL, é fundamental para quem quer fazer uma autoanálise e entender as suas relações interpessoais na empresa, na escola, no casamento, com seus pais, com seus filhos, com empregados, com o patrão, com colegas, com clientes, com fornecedores, com adolescentes e, principalmente, consigo mesmo(a).

 

Conceitos

 

Por volta de 1951, Wilder Penfield (1891–1976), um neurocirurgião da Universidade de MacHil de Montreal-Canadá, efetuava investigações de focos epiléticos no cérebro de seus pacientes, no sentido de localizá-los para, em seguida, tratá-los. Seu método consistia na estimulação do córtex cerebral por meio de uma minúscula sonda provida de um microeletrodo, que emitia uma corrente elétrica de baixa intensidade. Entretanto, a certa altura dos acontecimentos, surgiu uma variável não prevista por ele: reações verbais dos pacientes que, ao serem estimulados em determinados pontos de seu cérebro, recordavam-se nitidamente de certos eventos de sua vida ou emitiam certos comportamentos verbais ou emocionais.

 

A reação ao eletrodo era involuntária: “sob a influência irresistível da sonda uma experiência familiar aparecia na consciência do paciente quer desejasse ele focar sua atenção nela ou não. Uma canção era ouvida, provavelmente da mesma forma como fora ouvida em certa ocasião. Era, para o paciente, a representação de uma peça conhecida onde ele era, ao mesmo tempo, ator e platéia”.

 

Não apenas os acontecimentos passados eram recordados em detalhes, mas também as sensações associadas a tais eventos: “o paciente vive de novo a emoção que o acontecimento produziu nele originalmente e é cônscio das mesmas interpretações, corretas ou falsas, que deu então à experiência”.

 

No decorrer de inúmeros anos, Penfield acumulou dados, até então inéditos, que viriam mais tarde alterar o rumo dos estudos dos comportamentos e atitudes humanas.

 

Eric Berne (1910–1970), psiquiatra americano, mas canadense por nascimento, foi quem primeiro lançou mão das conclusões de Penfield, estruturando o que mais tarde receberia o nome de ANÁLISE TRANSACIONAL, talvez uma das mais significativas conquistas do homo sapiens sapiens no século XX para ampliar o conhecimento de si próprio. Foi numa sessão de psicoterapia, com um advogado como seu cliente, que Berne ficou consciente das mudanças que ocorriam no padrão de atitudes e comportamentos das pessoas: num intervalo de minutos, o seu cliente mudou de uma atitude compenetrada, analisadora, de raciocínio frio e preciso, para outra de insegurança emocional, futilidade, “relaxamento”. Em outra ocasião, apresentava uma reação crítica da atitude que havia tomado ou de críticas ao próprio terapeuta. No intuito de simplificar seu trabalho e facilitar a compreensão dos padrões de comportamento que ocorriam, Berne denominou-os, respectivamente, de ADULTO, CRIANÇA e PAI, por apresentarem muita semelhança com a idade adulta, a infantil e com o papel de pai. Portanto, o homem é um ser que possui uma personalidade global, porém, formada por “subpersonalidades”, a que Berne deu o nome de Estados de Ego. Várias literaturas, inclusive as que recomendamos ao final, enriquecem este conteúdo, colocando os indícios físicos e verbais quando uma pessoa está atuando nos vários Estados de Ego. Veja abaixo como eles foram caracterizados por Eric Berne:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Estado de Ego de Pai

 

No estado de ego de PAI estão registrados todos os tipos de conceitos de vida que aprendemos com nossos pais e outros adultos, particularmente nos primeiros anos de vida. O PAI representa, portanto, o depósito de conhecimentos, comportamentos, atitudes e os valores culturais transmitidos à criança de forma verbal ou não verbal. São, portanto, conceitos que nos foram ensinados. Grosso modo, este Estado de Ego forma-se nos primeiros cinco anos de vida. O Estado de Ego de PAI se subdivide em PAI PROTETOR e PAI CRÍTICO. Cada um desses pode ser positivo ou negativo, conforme demonstrado a seguir:

 

PP+ Pai Protetor Positivo: orienta, protege, aconselha, estimula e ensina.

Crença - é preferível ensinar as pessoas a pescar do que dar-lhes peixes.

 

PP- Pai Protetor Negativo: Superprotege, assume responsabilidades pelos outros, impede o crescimento dos outros.

Crença - é mais importante amparar quem errou do que elogiar quem acertou.

 

PC+ Pai Crítico Positivo: faz críticas construtivas, chama a atenção para a falha e cobra.

Crença - proteger as pessoas é a fórmula certa de conduzi-las ao fracasso.

 

PC- Pai Crítico Negativo: humilha, agride, menospreza, persegue e castiga.

Crença - diante de falhas, deve-se buscar encontrar o culpado para que seja punido.

 

INDÍCIOS DO ESTADO DE EGO DE PAI

 

Físicos

 

Cenho franzido, lábios contraídos, dedo indicador em riste, balançar de cabeça, a "expressão horrorizada”, bater com o pé, mãos nos quadris, braços cruzados sobre o peito, retorcer as mãos, estalidos com a língua, passar a mão pela cabeça de outro. Estes são gestos típicos do Pai, mas podem haver outros gestos, peculiares ao pai da pessoa. Por exemplo: se o seu pai tinha o hábito de pigarrear e olhar para cima toda vez que ia se pronunciar sobre o seu mau comportamento, este maneirismo, sem dúvida se tornará evidente quando você estiver por fazer uma declaração oriunda do Pai, mesmo que, para a maioria das pessoas, tal maneirismo não seja característico de Pai. Existem também as diferenças culturais. Por exemplo, nos Estados Unidos, as pessoas exalam quando suspiram, enquanto na Suécia inalam.

 

Verbais

 

Vou parar com isso de uma vez por todas; enquanto for vivo eu não posso ...; lembre-se sempre...; ("sempre" e "nunca” são, quase sempre, palavras do Pai que revelam as irritações de um sistema arcaico, fechado a novos dados); quantas vezes eu já lhe disse?; se eu fosse você ...

 

Muitas palavras que traduzem um julgamento, quer seja crítico, quer seja favorável, podem identificar o Pai, desde que tal julgamento seja de outrem, baseado não numa avaliação do Adulto, mas em reações automáticas e arcaicas do Pai. Exemplos desse tipo de palavras são: estúpido, desagradável, ridículo, chocante, nojento, boçal, preguiçoso, tolice, absurdo, pobrezinho, não! não!, vamos, vamos, querido (como quando parte de uma vendedora solícita), como é que você se atreve?, gracinha, e agora?, de novo não! É importante ter em mente que essas palavras são indícios que, por si só, não são conclusivas. O Adulto pode decidir, após uma análise séria, com base num sistema ético adulto, que certas coisas são realmente estúpidas, ridículas ou chocantes. Duas palavras, "devia" e "tinha" frequentemente denunciam o Pai, mas, empregadas também pelo Adulto. É o emprego automático, arcaico, feito sem pensar, de palavras como as que relacionamos que assinala a ativação do Pai, juntamente com certos gestos e o contexto da transação.

 

RETORNAR