MOTIVAÇÃO - III
CONTINUANDO ...
O comportamento humano, neste contexto,
foi objeto de análise pelo próprio Frederick Winslow Taylor
(1856-1915), quando enunciava os princípios da Administração
Científica no início do Século XX. A diferença entre Taylor e
Maslow é que Taylor enxergou apenas as necessidades básicas como
elemento motivacional, enquanto Maslow percebeu que o indivíduo
não sente única e exclusivamente as necessidades financeiras.
Maslow possuía uma visão humanista, assim como Carl Rogers,
acreditando no potencial de auto-realização de todo ser humano.
Sabia que algumas condições eram fundamentais para alcançar esta
realização e o desenvolvimento sadio do ser humano: consideração,
empatia e congruência (autenticidade). Queremos ser considerados,
aceitos e respeitados, necessitamos ser escutados (com empatia e
com o outro colocando-se em nosso lugar), buscamos a
autenticidade, desejamos ser tratados com transparência e
veracidade.
A – Necessidades Fisiológicas
As necessidades fisiológicas referem-se às necessidades biológicas
dos indivíduos, como a alimentação, a água, o sono, a respiração,
temperatura adequada, excreções, o agasalho, o descanso, o
movimento, o abrigo, a proteção contra intempéries, a fuga à dor,
o sexo, a luz solar etc.
Estas necessidades são as mais prementes e dominam fortemente a
direção do comportamento humano, caso não estejam satisfeitas. Se
todas as necessidades estão insatisfeitas e o organismo é dominado
pelas necessidades fisiológicas, quaisquer outras necessidades
poderão tornar-se inexistentes. Podemos então caracterizar o
organismo como simplesmente faminto, pois a sua consciência fica
quase inteiramente dominada pela fome, sede, dor etc. Todas as
capacidades do organismo buscarão satisfazer estas necessidades.
Assim, uma pessoa dominada pelas necessidades fisiológicas tende a
perceber apenas estímulos que visam satisfazer essas necessidades.
Por isto é que todas as pessoas, notadamente as mais jovens, não
param de olhar o sexo oposto, quando estão a fim de namorar. Sua
visão de presente e futuro fica limitada e determinada por tal
necessidade. Maslow ressalta que é impossível a uma pessoa faminta
pensar em liberdade, amor, sentimentos humanitários e respeito,
pois tais conceitos e sentimentos “não enchem a barriga”. Sem as
necessidades fisiológicas supridas, as pessoas sentirão dor,
desconforto e ficarão doentes.
Aqui levantamos uma questão: será que os nossos hospitais não
estão sempre cheios de pessoas doentes, em parte, devido aos
reflexos do não atendimento das necessidades básicas da nossa
população mais pobre?
Para as pessoas com carências nas necessidades fisiológicas, suas
necessidades de amor, “status” e reconhecimento ficam inoperantes,
quando seus estômagos estão vazios há um certo tempo. Mas quando a
pessoa alimenta-se regularmente e de maneira adequada, a fome
deixa de ser uma motivação importante. Mas vejam: a necessidade
fisiológica satisfeita não motiva comportamento. Por exemplo,
consideremos a necessidade de ar. O ar não causa efeitos
importantes de motivação sobre nosso comportamento a não ser
quando ficamos privados dele. Segundo Maslow, enquanto as
necessidades fisiológicas não estiverem pelo menos parcialmente
satisfeitas, outras necessidades não poderão motivar as pessoas.
No aspecto profissional, este sistema de necessidades reflete uma
preocupação do indivíduo com o salário que recebe, os benefícios,
o bem-estar, o tipo de chefia, políticas e diretrizes
organizacionais, fuga ao desgaste físico e mental, boas condições
de trabalho e conforto ambiental. Também pode ocorrer interesse
por recompensas monetárias e horas extras, com vistas à obtenção
de conforto e posses materiais para si e para a família. Esse é um
fato de profunda significação e que é comumente ignorado pelos
conceitos da tradicional administração das empresas brasileiras.
Quando o funcionário de uma empresa se deixa motivar e estimular
por este sistema de necessidades, ele, na realidade, está se
preocupando com assuntos que não têm relação direta com o
trabalho. Isto é, qualquer trabalho que atenda a estas
necessidades é aceitável. Neste caso, a natureza do trabalho, em
si, não tem importância. Mas por outro lado, quando a natureza do
trabalho é péssima, acaba provocando a insatisfação.
CONTINUA ...
Erlei Moreira
Engenheiro,
Professor,
Consultor e
Escritor.
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