A ATIVIDADE GERENCIAL

E A TOMADA DE DECISÕES - III

 

 

CONTINUANDO ...

 

É natural refletir sobre o comportamento decisório de um gerente. O que se pode aventar inicialmente é uma resistência dos diversos níveis de supervisores a se colocarem como tomadores de decisões . Verbalmente, o gerente acredita na importância da tomada de decisões mas, na prática, às vezes tem dificuldades para decidir.

 

Essa resistência à decisão assume duas formas básicas de comportamento:

 

O INDECISO TÍPICO

 

É aquele gerente que foge à decisão. Para esse gerente os problemas jamais estão devidamente estruturados pois os dados jamais são suficientes. Em geral, estão sempre querendo saber mais, para não decidir. Ele emperra a organização. Atrasa todos os outros setores. Transforma-se em elaborador de "despachos".

 

O MICRO-DECISOR

 

É aquele gerente que esconde sua incapacidade decisória através da centralização de pequenas decisões. Ele toma decisões mas, programadas, rotineiras, repetitivas, sem nenhum impacto na organização, voltadas em geral para o "como" as coisas devam ser feitas. Às vezes esse falso decisor é confundido como um gerente dinâmico que toma muitas decisões.

 

O terreno da decisão é um terreno perigoso. É um lugar de ambigüidade, insegurança, mudança, conflito, dúvida e risco. O impacto de uma decisão é proporcional, ao risco desta decisão. E em decisões de impacto é que se faz necessária a presença do gerente. Assim, decidir é assumir integralmente a possibilidade de sucesso ou de fracasso. Isto exige, da parte do gerente, uma alta capacidade inovadora, criatividade, convivência com a ambigüidade e o risco, além da capacidade de independência. Isto é, um comportamento corajoso diante da incerteza.

 

Mas parece não ser isto o que normalmente acontece. A maioria dos gerentes se vêem às voltas com inúmeras barreiras no processo decisório, principalmente aquelas de natureza psicológica ou social. As dificuldades mais conhecidas são:

 

APEGO À TRADIÇÃO

 

A decisão é uma mudança. As pessoas excessivamente 'tradicionais percebem a mudança e a novidade com ceticismo. Têm medo de criar precedentes. Só decidem de acordo com decisões anteriores. E, no entanto, o principal momento em que se necessita de um gerente é na hora de criar precedentes.

 

CRENÇA

 

Acreditam que as coisas acontecerão por si mesmas ou serão sempre como foram. Na realidade, existem 4 tipos de pessoas:

 

- aquelas para quem as coisas acontecem;

 

- aquelas que observam as coisas acontecerem;

 

- aquelas que até nem sabem que as coisas estão acontecendo;

 

- aquelas que fazem as coisas acontecerem.

 

MEDO DE CRIAR CONFLITOS

 

O gerente que acredita poder evitar todo tipo de conflito, ou que não administra bem, sentir-se-á tolhido nas suas decisões.

 

MEDO DA COAÇÃO GRUPAL

 

Uma decisão, às vezes, ameaça a segurança de alguns grupos ou indivíduos. Neste caso, o gerente, a título de se evitar o conflito entre os mesmos e a organização, sacrifica os interesses organizacionais.

 

MEDO DE ERRAR

 

O gerente decisor aceita o risco da sua decisão. É o que aceita a possibilidade de erro e é, portanto, aquele que volta atrás quando errou, porque refazer ou desfazer uma decisão é uma nova decisão. Somente as decisões rotineiras, programadas, não envolvem riscos.

 

Tipos de Decisões

 

MACRO-DECISÕES

 

São as que se vinculam diretamente ao desenvolvimento da organização, aos seus objetivos básicos e aos rumos para onde se dirige.

 

MICRO-DECISÕES

 

São decisões pequenas, do dia-a-dia da organização. Tem-se constituído em verdadeira doença na gerência o processo de concentração das micro-decisões nos altos escalões. Os bons gerentes se vêem emaranhados numa ampla teia de pequenos problemas, com todo o seu tempo preso por uma gama de atividades de rotina, emperrando o andamento normal da organização e deixando de trabalhar sobre os planos futuros da empresa.

 

Todos os problemas sobem ao topo da organização, que por falta de tempo, começa a retardar as decisões. E os níveis inferiores, tolhidos na sua rotina diária à espera de decisões, desmotivam-se continuamente e se tornam cada vez mais dependentes e incapazes de decidir. Por isso a delegação deve ser utilizada pois é o principal instrumento pelo qual o gerente pode dedicar-se a sua principal tarefa decisória, que é a formação estratégica de programas e planos.

 

Como pode-se observar, a tomada de decisão - a seleção efetiva dentre alternativas a um curso de ação - é a essência da empresa e é parte integrante do planejamento.

 

Os gerentes devem encarar a decisão como sua tarefa central pois, constantemente, têm de escolher o que deve ser feito, quem deve fazer, quando, onde, e às vezes, como. A tomada de decisão deve ser encarada como um passo importante do planejamento, mesmo quando é feita rapidamente e com pouca reflexão. Ou quando influencia a ação apenas por alguns minutos. Faz também parte da vida cotidiana de cada indivíduo. O planejamento ocorre na vida administrativa ou pessoal sempre que são feitas escolhas a fim de atingir um alvo em face de limitações, tais como, tempo, dinheiro e os desejos de outras pessoas.

 

CONTINUA ...

 

Erlei Moreira

Engenheiro, Professor,

Consultor e Escritor.

 

 

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