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DOMINÂNCIA CEREBRAL – I
Nessas duas dezenas de meses desde que retornei à
terra onde foi enterrada a minha companheira placenta venho
escrevendo para os jornais de Lavras, mas tendo comigo uma
curiosidade: saber se o que eu estou escrevendo está servindo para
alguma coisa! Tenho tido alguns feedbacks: algumas pessoas
acham que eu escrevo difícil e já outras, interessadas em seu
crescimento profissional, me elogiam e se dizem leitores(as)
assíduos(as). Além dessas pessoas, tenho certeza, existem outras
que nem se interessam pelos assuntos ou ainda as que nem percebem
a existência dos artigos. Isto, certamente porque os meus assuntos
não são voltados para o entretenimento, a distração e a diletância.
Meus artigos também não são apenas informativos. Eles são,
fundamentalmente, formativos. Às vezes polêmicos! Situação esta em
que eu me sinto bem já que o papel maior de um escritor é o de
trazer algum desconforto, seja ele positivo ou negativo, para o
seu leitor pois isto é o que gera mudanças.
Como a minha curiosidade ainda permaneceu, fui
buscar informações na Internet para ver quais seriam os objetivos
de um jornal. Me perguntava: será que um jornal deve ter, ou não,
um viés para a formação dos leitores(as)? O único jornal que
deixou alguma coisa clara sobre os seus objetivos foi a Folha de
São Paulo. Vejam.
“O
objetivo de um jornal como a Folha é, antes de mais nada, oferecer
três coisas ao seu público leitor: informação correta,
interpretação competente sobre essa informação e pluralidade de
opiniões sobre os fatos.
- Por informação correta entende-se a
descrição de tudo aquilo capaz de afetar a vida e os interesses
que se acredita serem os dos leitores.
- Por interpretações competentes a
respeito dos fatos entendem-se os comentários e análises redigidos
por profissionais que, conforme os critérios adotados pelo jornal,
aliam o domínio sobre uma determinada área do conhecimento ou da
atividade humana ao domínio sobre a técnica de escrever,
combinando em seus textos ambas as habilidades.
- Por pluralidade de opiniões sobre os
fatos entende-se a publicação de textos, artigos, depoimentos,
entrevistas etc. que, tomadas em seu conjunto, funcionem como uma
reprodução mais ou menos fiel da forma pela qual as opiniões
existem e se distribuem no interior da sociedade.
Além disto, dizem eles, é necessário que o
jornal, sem discriminar opiniões diversas das que adota (e, ao
contrário, estimulando polêmicas com elas), tenha as suas próprias
convicções sobre os fatos e os problemas. Elas é que transformam o
jornal em um ser ativo, com uma identidade visível e um certo
papel a desempenhar.“
Bem! Como vocês podem ver, não consegui ainda
saber se um jornal deve ser formativo, ou não! Existe uma questão
fundamental em relação a essa minha curiosidade. Se um jornal deve
ser formativo, como conseguir isto através do pequeno espaço que é
reservado a um colunista? Se tem um assunto mais delongado, claro
que seria preciso que esse tema fosse tratado em uma seqüência de
artigos. Em assim sendo, como será que as pessoas reuniriam as
informações? Afinal, pela nossa cultura, um jornal é para ser lido
e depois jogado fora. Isso porque o jornal tem uma data de
validade que é de apenas 1 dia! Será que as pessoas adquiririam o
hábito de recortar as informações dos assuntos que não têm data de
validade e colecioná-las? E se fossem lembradas disto? Por três
vezes eu já publiquei artigos de assuntos que levaram algumas
semanas para serem concluídos. Mas eu não sei, até hoje, qual foi
o comportamento do(a) leitor(a)!
Por isso, durante muitos meses eu reservei um
espaço nos meus artigos para receber retornos dos leitores: fossem
elogios ou críticas. Duas ou três pessoas se manifestaram. Só!
Penso que isso talvez seja por que moramos em uma cidade cuja
atividade principal sejam as ESCOLAS e cujo efeito colateral faz
com que as pessoas estimulem e convivam a cultura do “cada um prá
si” ou do “tô nem aí!”.
Sobre essa cultura, em 12/01/2008 eu publiquei um
polêmico artigo chamado “LAVRAS – TERRA DOS IPÊS, DAS ESCOLAS E DE
UM POVO INERTE” e em 19/01/2008 o artigo “CONCEITOS QUE AS ESCOLAS
NÃO ENSINAM”. Aliás, este foi o segundo momento em que houve
discordâncias, por e-mail, sobre alguma coisa que escrevi. Na
ocasião eu recebi reclamações de dois Diretores de Escolas, que
não permitiram que eu publicasse as discordâncias. Nem ao menos
quiseram saber o que a minha experiência profissional tinha a
dizer sobre a possibilidade de estarmos vivenciando, coletivamente
inconscientes, uma situação do tipo: “há bens que vêm para
males!”. Posição esta dos diretores que caracteriza a síndrome
dos imortais paradigmas incrustados.
Se bem que, para uma cidade com a cultura do
“cada um prá si”, ou do “tô nem aí!”, eu considero que alguém
externar sua discordância já foi um avanço. Quem sabe se numa
próxima vez não terá alguém ligado às ESCOLAS, sem paradigmas
ultrapassados e amuseulados, que esteja pelo menos curioso em
saber o que este louco aqui tem para dizer sobre a história do
“cada um prá si” ou “tô nem aí!” dos lavrenses? Não é?
Voltando ao objetivo deste artigo, minha dúvida
agora é: será que alguém se interessou em colecionar as
informações que eu publiquei nos três artigos-novela anteriores.
Esta é a minha eterna dúvida! Mas não será uma dúvida
suficientemente grande para me impedir de tentar mais uma vez
levar conhecimentos importantes que sirvam para o crescimento
pessoal e profissional da gente da minha terra.
Desta vez será um tema importantíssimo chamado “DOMINÂNCIA
CEREBRAL”, segundo a Teoria de Ned Herrmann. Este é um assunto
recomendado para todas as pessoas adultas e/ou profissionais. Com
uma indicação especial para os(as) professores(as). Não só para
que tenham maiores conhecimentos sobre si mesmos(as), mas para
terem uma percepção maior sobre o comportamento dos(as) seus(suas)
alunos(as) em relação à forma que aprendem. Quem sabe até esse
conhecimento pode ajudar na mudança da nossa cultura lavrense do
“cada um prá si” / “tô nem aí!” para uma cultura da “participação
/ cooperação”, né?. Esse Tema DOMINÂNCIA CEREBRAL surgiu no apagar
das luzes do século passado e foi a base para a estruturação da
idéia da INTELIGÊNCIA EMOCIONAL. O Tema ainda não tem nem
bibliografia em português, só em inglês e espanhol. Para quem se
interessar por mais informações, aí vai a recomendação
bibliográfica!
- The Whole Brain Business Book - Herrmann, Ned - MCGRAW HILL
- The Creative Brain - Herrmann, Ned – MCGRAW HILL
- El Cerebro Creador
- Ferreras, Anibal Puente – ANAYA
Continua ...
Erlei Moreira
Engenheiro,
Professor,
Consultor e
Escritor.
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