EXCELÊNCIA EM SERVIÇOS - XXIII

 

EMPRESAS TAMBÉM PODEM SOFRER DE ARTRITE,

FOSSILIZAÇÃO E ESCLEROSE!

 

POSFÁCIO DOS TEMAS

 

No 1º artigo: a Era dos Serviços. No 2º: o papel da Direção da empresa. Nos 3º e 4º: Etapas para a implantação de um programa de Excelência em Serviços. Os 5º e 6º:  Etapa I - Identificação das Demandas. No 7º: Demandas Promíscuas. Nos 8º e 9º: Etapa II - “Determinação do Objetivo Principal, da Estratégia e das Metas”. Nos 10º e 11º: teste de Estilos Pessoais. No 12º: Planejamento de Marketing. No 13º: Princípio 01 - Máxima Satisfação dos Clientes - Etapa III - Implantação da Filosofia da Excelência em Serviços. Nos 14ºe 15º:  a importância da Direção da empresa nas mudanças. No 16º: uma mensagem aos sucessores. Nos 17º e 18º: a atividade “Serviço”. No 19º: Pesquisa de Satisfação de Clientes. No 20º: Princípio 02 - Educação e Desenvolvimento das Pessoas. No 21º: Princípio 03 – Princípio da Qualidade. No 22º artigo, abordamos o Princípio 04 – Princípio da Congruência.

 

Continuando ...

 

Neste 23º artigo, vamos falar do Princípio 05 – Princípio da Melhoria contínua, Etapa III - Implantação da Filosofia da Excelência em Serviços.

 

Este princípio pressupõe que, para tudo aquilo que merecer ser realizado, sempre haverá uma maneira ainda melhor de fazê-lo. Conhecer e aceitar o princípio da Melhoria Contínua é aceitar que, de fato, a raça humana evoluiu e continuará evoluindo através dos tempos. Mais, que o habitat do ser humano é, por excelência, um espaço de eterna transformação. Isso, é claro, apavora aqueles que necessitam manter controle sobre tudo o tempo todo. Ou aqueles que morrem de medo de arriscar e errar. O medo não é inerente apenas aos níveis operacionais das empresas. Infelizmente, ele povoa todos os escalões sem oferecer nenhum privilégio.

 

Sem um processo de melhoria contínua qualquer empresa sofrerá, mais cedo ou mais tarde, um processo de artrite organizacional. Todas as empresas muito organizadas e fiscalizadas em termos de procedimentos na prestação de serviços tendem a sofrer os reflexos do controle exacerbado. Isso porque todo controle excessivo, característica da empresa administrada por pessoa que tem pavor do novo, é particularmente susceptível ao efeito de fossilização. Essas empresas, normalmente artríticas, atingem um estado interno que coloca a obediência acima do bom senso, a política acima das pessoas, as regras acima da razão, a atividade-meio acima da atividade-fim. Numa organização artrítica as pessoas não estão autorizadas a pensar. Apenas a obedecer.

 

E essa artrite pode assumir diversas formas. Normalmente, envolve um grau absolutamente mínimo de autonomia e liberdade de ação dos funcionários da chamada linha de frente – que atuam diretamente no atendimento aos clientes. Freqüentemente, surge em conseqüência de uma rotina muito rígida de procedimentos, processos de trabalho que condicionam as pessoas a perceberem uma “única maneira correta” de trabalhar e pensar. Pessoas que trabalham diretamente com clientes e que estejam inteiramente condicionadas e robotizadas devido a estarem há muitos anos na função, podem ter muita dificuldade para analisar com objetividade o que fazem. Numa organização artrítica, as políticas, procedimentos, sistemas, regras, critérios de decisão e descrições de cargos são otimizados em termos de máximo controle e mínimo risco. Neste tipo de empresa, não fazer nada errado torna-se mais importante do que fazer alguma coisa certa.

 

Para evitar que isto aconteça o que se pode fazer é dividir as responsabilidades de “conduzir” a empresa com os próprios funcionários. Uma forma de fazer isto é através da introdução de “Grupos de Melhorias” na empresa. Este assunto já foi ventilado no artigo BY-PASS ADMINISTRATIVO, publicado em 03/03/07, que repetimos abaixo:

 

O jeito de introduzir um by-pass administrativo é criando os chamados Grupos de Melhoria”. Esses grupos, criados com a benção da Diretoria, teriam como objetivo a discussão de temas que envolvam os problemas na empresa e as suas soluções. Esses Grupos de Melhoria devem ser criados em cada departamento ou mesmo em grupos de departamentos que tenham atividades afins. Por exemplo: o Grupo da Produção - ou do Atendimento ao Cliente quando a empresa for prestadora de serviço - e o Grupo Administrativo. O ideal é que nesses Grupos não se desestabilize o status quo do poder hierárquico empresarial, ou seja, que as Gerências e Chefias intermediárias ocupem as lideranças nesses Grupos de Melhoria. A vantagem da utilização deste tipo de by-pass é que ele é democrático e estimulador, além de cumprir seu papel principal: abrir e manter um canal  livre de comunicação vertical e horizontal na empresa.

 

Este momento é, efetivamente, propício para se refletir sobre a utilidade administrativa de se utilizar os Grupos de Melhorias. Uma ponte de safena na arteriosclerose da administração empresarial. E, em que pesem os riscos de rejeição e efeitos colaterais, certamente minimizados por cirurgia bem feita, a intervenção torna-se inadiável às organizações que não querem entrar para o rol das enfartadas. Mais do que isto, os Grupos de Melhorias podem eliminar também os fantasmas da artrite e da fossilização das articulações empresariais, um passo fundamental para a concretização do Princípio da Melhoria Contínua.

 

               Continua ...

 

Erlei Moreira

Engenheiro, Professor,

Consultor e Escritor.

 

 

 

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