EXCELÊNCIA EM SERVIÇOS – VI
O CAPITAL É SELVAGEM MAS NÃO É IRRACIONAL. DOMÁ-LO É IMPOSSÍVEL
MAS, DOMESTICÁ-LO, QUEM SABE!
POSFÁCIO
Os artigos
anteriores desta série tiveram o objetivo de lançar as bases para
a busca da Excelência em Serviços. O primeiro serviu para
caracterizar o que é a Era dos Serviços e como ela surgiu. O
segundo mostrou que qualquer mudança no sentido de melhorar os
serviços prestados só é possível se for conduzida pela Direção da
empresa. No terceiro e no quarto artigos falamos genericamente das
etapas para a implantação de um programa de Excelência em
Serviços. No quinto artigo começamos a falar sobre a Etapa I -
Identificação das Demandas, mais exatamente sobre disponibilidade
financeira e vontade política.
Continuando ...
Neste sexto artigo, vamos
continuar falando sobre a etapa de Identificação das Demandas
na empresa, notadamente sobre os demandadores. Nos últimos
duzentos anos, desde que foi iniciada a Era Industrial em 1789
(este marco inicia-se com a Queda da Bastilha na França), as
organizações só conseguiram identificar um interessado na empresa:
o proprietário ou o acionista. Hoje, essa postura está
comprometendo a produtividade da organização uma vez que dificulta
a formação de parcerias. Sabe-se hoje que não só os acionistas
devem ter seus interesses atendidos mas também os clientes,
os funcionários, os fornecedores e a sociedade.
Só uma administração equilibrada dessas várias demandas, tangíveis
e intangíveis, é que permitirá a transformação da empresa numa
comunidade produtiva. Demandadores:
PROPRIETÁRIOS OU ACIONISTAS:
Afirmar que o acionista ou proprietário quer da sua organização
somente o lucro é uma inverdade. Além do lucro, que é a justa
remuneração do capital, certamente o empresário busca desafios
profissionais e aceitação da sociedade, dentre outras
necessidades. Aqui, portanto, o empresário troca seu investimento
pelo lucro, pelo reconhecimento social e pela auto-realização.
CLIENTES:
Dadas as dificuldades do mercado
atual, a certeza de que o cliente é uma peça importante, e deve
ser valorizado, vem ganhando espaço na política de atuação
comercial de algumas empresas. Cada dia fica mais evidente
compreender a importância da satisfação dos interesses dos
clientes. Aqui, o cliente se dispõe a trocar seu ‘rico
dinheirinho’ por um bem ou serviço que tenha QUALIDADE. É
interesse dos clientes receberem de volta uma boa dose de
respeito.
FUNCIONÁRIOS:
As demandas dos funcionários
talvez sejam as mais difíceis de serem administradas. Dada a
complexidade da relação entre empregador/empregado/empegador, os
interesses dos funcionários vagueiam dinâmica e verticalmente
dentro da famosa pirâmide das necessidades humanas de Abraham H.
Maslow. Muitos empresários já perceberam que a única forma de
atenderem bem os seus clientes é, antes, atenderem as necessidades
dos seus funcionários. Aqui, os funcionários trocam a sua força de
trabalho não só por salário, como é de praxe afirmar-se, mas
também por estabilidade no emprego, bom ambiente de trabalho que
lhe satisfaça o desejo de socialização, por reconhecimento de seu
esforço e oportunidades de crescimento para alimentar a sua
auto-estima, além de atividades desafiadoras que atendam suas
necessidades de auto-realização.
FORNECEDORES:
Só tem chance de manter uma
relação positiva com seus clientes a empresa que respeita seus
fornecedores. Afinal o fornecedor é a contrapartida do cliente. A
empresa que tenta esmagar seu fornecedor, por tendência também
tenta fazer o mesmo com os seus clientes. Não se pode ignorar, por
outro lado, que uma empresa certamente é sempre fornecedora de
outra empresa, ou de uma pessoa física qualquer. Aqui, o
fornecedor quer trocar seus produtos ou serviços por capital.
SOCIEDADE:
A empresa que não se considerar
parte integrante da sociedade, dificilmente conseguirá sobreviver
no futuro. É a consciência holística crescente que a faz, cada vez
mais, respeitar os direitos dos organismos sociais, ser mais ética
e mais transparente. Tudo isso demonstra que a função social da
empresa não se resume na produção. Assim como está ocorrendo na
economia, há uma tendência de globalização da vontade política.
Neste ambiente, a empresa precisará administrar equilibradamente
suas demandas, sob pena de sujeitar-se às sansões da comunidade e
do mercado. Aqui, os organismos sociais e a própria sociedade
querem trocar infra-estrutura e reconhecimento por tributos e
participação social.
Continua ...
Erlei Moreira
Engenheiro,
Professor,
Consultor e
Escritor.
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