BY-PASS
ADMINISTRATIVO
SE O BY-PASS CARDÍACO – PONTE DE SAFENA
– É CAPAZ DE SALVAR VIDAS, O BY-PASS ADMINISTRATIVO PODE
SALVAR EMPRESAS.
Genericamente
pode-se considerar que uma boa administração empresarial é aquela
que demonstra a capacidade de ordenar os vários recursos (humanos,
materiais e de capital) na produção e comercialização de bens e
serviços de forma a obter os resultados planejados pela empresa.
Observando-se a ordenação do
recurso humano percebe-se que cada indivíduo é responsável pela
execução de uma ou mais tarefas, cabendo aos elementos seguintes
na cadeia produtiva a realização de outras que, somadas, comporão
o complexo sistema de produção. Permeando a execução dessas
tarefas aparece, concomitantemente, uma frenética e turbulenta
transferência de informações entre os indivíduos. Um sinal
inequívoco da necessidade que as pessoas têm de dar e receber
feedback, informações essas que podem ser classificadas como
“objetivas” e “subjetivas”. Sobre o seu conteúdo, as informações
objetivas estão ligadas ao processo produtivo e são oriundas de
fatos mensuráveis como, por exemplo, as informações técnicas de
produção. As subjetivas, advindas das experiências de vida de cada
um, diz respeito à forma com que cada pessoa entende que o
processo produtivo deva ser conduzido na empresa ou podem também
estar ligadas a assuntos pessoais.
Tomemos agora
este sistema de transferência de informações e o coloquemos para
funcionar, horizontal e verticalmente, dentro da pirâmide
hierárquica empresarial. Fazendo uma analogia com o nosso sistema
circulatório podemos perceber que as informações, assim como o
sangue em nosso corpo, precisa circular dentro da empresa para que
ela tenha vida. Neste sistema empresarial de circulação de
informações também podemos perceber que ele tem artérias e veias.
Por artérias podemos entender as pessoas que ocupam cargos
intermediários de Gerência e Chefia de pessoas pois é através
delas que transitam o maior número de informações. Normalmente são
as únicas pessoas que fazem as ligações entre os vários níveis da
hierarquia de poder na empresa. Por veias podemos entender os
canais de informações horizontais, simples.
Uma vez que as informações
constituem-se de um composto de fatos e de opiniões, a sua
transferência de pessoa para pessoa torna-se conflitante pois
envolve valores e crenças individuais. Estes conflitos criam
pressões internas que dificultam a circulação dessas informações.
Como no nosso sistema circulatório, os conflitos individuais
dentro da empresa podem travar a passagem das informações para os
níveis superiores e vice-versa. É como se as artérias das
informações entupissem, não pelas formações de placas de gorduras
como no nosso sistema circulatório, mas por preconceitos, medos e
mau uso do poder pelas Gerências e Chefias intermediárias.
No caso do sistema de informações,
não é possível eliminar a obstrução pelo cateterismo pois isto
equivaleria a ter que fazer uma lavagem cerebral em todas as
Gerências e Chefias intermediárias. Assim, torna-se inevitável a
necessidade de colocar um by-pass administrativo
(ponte de safena empresarial) para garantir que as informações não
sejam retidas nessas artérias e percorram sem tropeços os caminhos
vertical e horizontal: da base das operações para a Diretoria e
vice-versa: e entre os próprios níveis intermediários.
Para colocar esse by-pass
existem duas alternativas:
1
– A primeira delas é uma saída bastante usual e que é utilizada
por muitas empresas smart (espertas, engenhosas). A Diretoria,
para impedir que informações importantes sejam retidas nos níveis
intermediários de poder introduz, em cada nível, o chamado
“olheiro” (também conhecido por informante, puxa-saco etc), que é
uma pessoa responsável por levar à Diretoria tudo o que acontece
na empresa. O principal problema com este tipo de by-pass
é que ele não alimenta a Diretoria com informações qualificadas e
contribuí sobremaneira para a manutenção da hipertensão - pressão
alta - no sistema de circulação de informações na empresa, o que
compromete o sistema produtivo.
2
– O segundo jeito de introduzir um by-pass
administrativo é criando os chamados “Grupos de Melhoria”. Esses
grupos, criados com a benção da Diretoria, teriam como objetivo a
discussão de temas que envolvam os problemas na empresa e as suas
soluções. Esses Grupos de Melhoria devem ser criados em cada
departamento ou mesmo em grupos de departamentos que tenham
atividades afins. Por exemplo: o Grupo da Produção (ou do
Atendimento ao Cliente quando a empresa for prestadora de serviço)
e o Grupo Administrativo. O desejável que, nesses Grupos, não se
desestabilize o status quo do poder hierárquico
empresarial, ou seja, que as Gerências e Chefias intermediárias
ocupem as lideranças ou mantenham-se participativas nesses Grupos
de Melhoria. A vantagem da utilização deste tipo de by-pass
é que ele é democrático e estimulador, além de cumprir seu papel
principal: abrir e manter um canal livre de comunicação vertical e
horizontal na empresa. Quanto à forma de introduzir esses by-pass
na empresa, existem muitos livros a respeito. Outra forma pode ser
utilizando-se consultores ligados ao Sistema Sebrae, ou não!
Este momento é, efetivamente,
propício para se refletir sobre a utilidade administrativa de um
by-pass bem colocado. Uma ponte de safena na
arteriosclerose da administração empresarial. E, em que pesem os
riscos de rejeição e efeitos colaterais, certamente minimizados
por cirurgia bem feita, a intervenção torna-se inadiável às
organizações que não querem entrar para o rol das enfartadas.
Erlei Moreira
Engenheiro,
Professor,
Consultor e
Escritor.
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